POR RODOLFO PERES
CRN 8-2427
Quem pode usar suplemento? Somente atletas devem utilizá-los?
Muitas pessoas têm dúvidas quanto a isso. De fato, existem produtos associados diretamente à atividade física devido a seus efeitos ergogênicos, tais como: creatina e/ou cafeína. Mas a maioria dos suplementos alimentares, como os pós protéicos e/ou refeições líquidas, na verdade, se consiste em uma forma mais prática no consumo de nutrientes importantes para nossa saúde. Podemos até ousar em dizer que grande parte dos suplementos poderiam ser classificados como alimentos em pó.
Uma pessoa, mesmo que sedentária, não poderia fazer uma refeição líquida rica em proteínas, adequada em carboidratos e pobre em gorduras, como uma prática opção de lanche da tarde? Muito melhor do que a usual coxinha com refrigerante ou do que o pão francês com mortadela com refrigerante, não é mesmo? Um idoso que apresenta dificuldade na obtenção de proteína por meio da dieta, devido à dificuldade no processo de mastigação, não poderia enriquecer uma ou duas refeições do seu dia com proteína em pó? Ou precisa ser atleta para isso? Melhor um adolescente levar uma barra protéica para o colégio ou comer um salgado de salsicha acompanhado de suco artificial cheio de açúcar?
Vários suplementos podem ser utilizados para complementar a alimentação, fornecendo uma maior gama de nutrientes com grande praticidade. Em nosso dia-a-dia repleto de obrigações, fica muito difícil se ter à disposição alimentos frescos nos horários exatos.
Como assim? Como podemos dizer que suplementos são alimentos em pó! O alimento não é natural e os suplementos são “artificiais”?
Vamos pensar um pouco na nossa história, tomando como exemplo um alimento comumente encontrado em nossas refeições: o milho.
Um campo cultivado com milho, ou com qualquer outro produto agrícola, é tão manufaturado ou fabricado pelo homem quanto um suplemento. O milho é o resultado da propagação, pelos seres humanos, de uma série de mutações genéticas aleatórias que o transformaram de uma simples erva num estranho e gigantesco mutante que não pode mais sobreviver na natureza sozinho. O milho é descendente do teosinto, um capim silvestre nativo na região do México. As duas plantas parecem muito diferentes, porém, algumas mutações genéticas foram suficientes para transformar uma na outra. Hoje, para que o pé de milho cresça, os grãos devem ser manualmente separados do sabugo e plantados a uma distância suficiente uns dos outros – algo que somente seres humanos podem fazer. O porquê de tudo isso? Simplesmente para melhorar sua conveniência, o mesmo processo hoje feito com os suplementos alimentares.
Essa explicação também é válida para o arroz e o trigo, só para citar outros alimentos que não são “naturalmente” encontrados na natureza.
Por mais que gostemos de pensar na agricultura como uma atividade natural, há 10 mil anos ela era uma estranha inovação. Para caçadores/coletores da Idade da Pedra, campos cuidadosamente cultivadosseria uma visão inusitada.
O cultivo de terras é um projeto tão tecnológico quanto biológico. E no grande plano da existência humana, as plantações agrícolas são invenções muito recentes. Se os 150 mil anos de existência dos seres humanos modernos fossem transformados em uma hora, somente nos últimos quatro minutos e meio eles teriam começado a adotar a agricultura, e ela só teria se tornado o meio dominante de subsistência no último minuto e meio. A troca operada pela humanidade entre a procura de alimentos e a lavoura, de um meio natural para um meio tecnológico de produção de alimentos, foi recente e repentina. Os seres humanos primitivos subsistiam de plantas coletadas e de animais caçados na natureza.
Outro exemplo clássico são as cenouras.
Não são “naturais”?
Originalmente, apareciam nas cores púrpura, branca e amarela. A cenoura laranja, que é hoje sinónimo de “cenoura”, foi desenvolvida na Holanda, tributo ao príncipe Guilherme I de Orange (“orange" = "laranja"), pasmem vocês.
Portanto, para muitas pessoas, quando se fala em suplemento alimentar, parece que estamos falando de algo medicamentoso, específico e que deve ser usado com grande cuidado. Mas a maioria dos suplementos alimentares é tão “natural” quanto o milho ou a cenoura.
Ao meu ver, assim como nos Estados Unidos, produtos como whey protein, caseína, maltodextrina, mix protéicos, refeições líquidas, deveriam ser vendidos em supermercados, nas conveniências dos postos de gasolina, lanchonetes, ou seja, estar à disposição de toda a população.
O suplemento alimentar não é algo tão complexo quanto parece. Ele pode ser a solução para vários erros alimentares de diversas pessoas, inclusive para quem não pratica atividade física. Como exemplo, podemos citar o RX Pro da Probiótica, no qual quatro medidas do produto equivale a aproximadamente 100 gramas de batata doce e 200 gramas de peito de frango. Ou ainda, podemos citar a albumina em pó, na qual uma colher de sopa equivale a quatro claras de ovos.
Do outro lado da moeda, temos aqueles indivíduos que acreditam no suplemento como algo milagroso, que irá proporcionar um físico maravilhoso dentro de dias, o que não é verdade.
Lembrando que de nada adianta ter a disposição os melhores suplementos se não existe informação para seu uso. Consulte sempre seu nutricionista a fim de obter as informações necessárias quanto à adequação de uma eventual suplementação na sua rotina dentro de suas reais necessidades.